Por Amilcar Brunazo
Devido às inúmeras denúncias de eleitores alegando voto fraudado no 1o turno das eleições 2018, inclusive na região de São Paulo, o TRE local resolveu “auditar” duas urnas da votação. Como é de conhecimento público, a única tentativa de auditoria independente foi requerida pelo PSDB em 2015 e provou que as urnas eletrônicas e nossas eleições são inauditáveis. Tal fato inclusive ocasionou uma Carta Aberta da equipe de auditores, destinada à OEA.
É unanimidade entre os especialistas independentes, que as auditorias feitas pelo órgão eleitoral, não passam de teatro para blindar o sistema. Por isso, Amilcar Brunazo, membro do CMIND e da equipe que concluiu a inauditabilidade das eleições de 2014, fez-se presente. A conclusão: ao contrário do que informou o TRE/SP em sua nota, a “auditoria” realizada em 20/10/2018, não confirmou a segurança das urnas eletrônicas, mas confirmou sim, graves manipulações, a insegurança da votação e a veracidade das denúncias, conforme relato a seguir:
Eng. Amilcar Brunazo, acerca da “auditoria” nas urnas no TRE/SP, em 20/10/2018.
#FACT-CHECKING COM RELATÓRIO INFORMAL PARA LEIGOS:
Estive hoje de manhã no TRE – São Paulo, para acompanhar a tal da auditoria de urnas que deram problema.
As denúncias eram que, o eleitor não conseguia completar o voto, digitava o 17 para presidente, e aparecia a foto de outro candidato, ou a urna anulava o voto e encerrava.
Todas essas denúncias de falhas foram espalhadas pelo Brasil todo.
Em São Paulo o TRE escolheu duas seções eleitorais na cidade, para fazer o que chamam de “auditoria”, mas que em verdade não é. Auditado que audita a si mesmo? O denunciado, que se defende e absolve a si mesmo? Auditoria onde o auditado apaga rastros, impõe regras e mostra só o que lhe é conveniente?
Enfim, fui curioso para saber o que eles iriam chamar de auditoria. Que show seria esse?

Primeira incoerência ou falha proposital da “auditoria”:
Imagine que seu computador está anormal, e você quer verificar se ele contém algum programa malicioso, vírus ou trojan. Qual a primeira providência? Chamar um técnico especializado para fazer uma perícia, pois muitos vírus se mascaram, ficam ocultos e só um perito tem as ferramentas para identificá-los e resolver o problema. Um bom técnico só lhe dirá que seu computador está limpo, após adotar todos os procedimentos de verificação. Deveria ser este o procedimento dos técnicos do TSE, na suposta “auditoria”.
Eles não clonaram os dados da urna para preservá-los, a primeira providência básica em uma perícia.
Instalaram um pendrive com um programa chamado VPP, (verificação pré e pós eleição), e rodaram o programa na urna. O que o VPP faz? Ele avisa a urna que ela está sob teste! Jamais poderia ser rodado numa perícia, pois se a urna está contaminada, o VPP atua como um sinal, um alerta, para que o mecanismo de fraude instalado reconheça, e se desative automaticamente. Assim, passa no teste!
Quando vi que estavam iniciando esse procedimento, questionei sobre a importância de primeiro clonar a memória interna da urna, para que pudéssemos checar. Responderam que não, e que fariam primeiro “desse jeito”. Ou seja: se nem mesmo especialistas podem contestar, quanto mais um leigo? Que auditoria é essa?
O fato, é que ao adotarem esse procedimento, danificaram possíveis provas que poderiam estar contidas na flash interna (hd) da urna e rasgaram a primeira norma de uma legítima perícia forense computacional.
Segunda incoerência ou falha proposital da “auditoria”:
Fizeram uma cópia do log da urna, que tiveram o cuidado de guardar num pendrive, mas esconderam do público. Por que? No log, é possível identificar todos os eventos da urna e confirmar por exemplo, as falhas apontadas nas denúncias, de eleitores tentando várias vezes corrigir o voto, anular, entre outros.
Com isso, impediram a verificação do histórico da urna eletrônica, que comprovaria o caso de eleitores digitando sem obter confirmação, e votos sendo computados sem a confirmação do eleitor.
Terceira incoerência ou falha proposital dos “auditados”:
Em seguida, decidiram retirar a memória original da urna, que guardaram em um saquinho.
Ao invés de facultar cópia da memória, para possibilitar os testes e análise do conteúdo, repito: excluíram a memória original da “auditoria”, para ser confinada em um “saquinho”. Sob a posse de alguns técnicos, um saquinho contendo os votos de quem deveria eleger os representantes de uma nação.
Instalaram outra memória na urna e resolveram carregá-la para fazer um teste de votação paralela, com os votos que estavam gravados no RDV (Registro Digital do Voto) final com eles. Ou seja: é como se o técnico do seu computador retirasse a sua memória original e substituísse por outra. Como leigo, você jamais saberia, a menos que contratasse um perito especializado para checar suas configurações originais.
Quarta incoerência ou falha proposital dos técnicos
Como se não bastasse, a urna substituta foi carregada com a data do dia 07/10 as 14h, quando ocorreram as eleições. Urnas carregadas no dia da eleição podem ser facilmente identificadas por um pretenso mecanismo de fraude e assim se desativar.
Em linguagem informal seria: “você está sob perícia, então se comporte direitinho para convencer quem está por aqui”.
O Harakiri eletrônico e autoritarismo dos “auditados”
Então eis que, mesmo mascarando e escondendo provas essenciais à uma auditoria legítima, quando carregaram as urnas, uma delas apresentou falha no teclado.
Se digitavam um número, a urna sozinha digitava vários outros números, ao mesmo tempo. Ganhou vida própria, não passou no autoteste, confirmando denúncias de Norte a Sul do Brasil no primeiro turno. Algo parecido quando um hacker invade seu computador, e passa a controlá-lo com uma série de comandos independente da sua vontade.
Imediatamente afirmei aos servidores do TSE: –“Pronto, vocês conseguiram provar que de fato a tecla estava completando o voto do eleitor, e a falha detectada agora, é compatível com todas as denúncias. Desde eleitores que diziam não conseguir completar o voto, que digitavam um número e a urna mostrava a foto de outro, ou anulava o voto do eleitor. Está tudo aí, comprovado que os eleitores tinham razão.”
A reação dos “auditados”: eu, um engenheiro que há mais de 20 anos atua com voto eletrônico, que participei da única auditoria independente da história das urnas, deveria calar a boca.
O juiz que presidia a sessão respondeu literalmente, que o que estava sendo feito ali não era sujeito à perguntas, mas tão somente para realização dos procedimentos. Ou seja: mais uma vez o teatro da auditoria não atende sequer os especialistas. Quanto mais os leigos, que no resto do mundo, diferente do Brasil, são capacitados para auditar suas eleições? Mas porque no resto do mundo, todos contam com o registro físico do voto, algo que o TSE impede aos brasileiros, para ter o controle arbitrário da apuração.
CONCLUSÃO DA PSEUDO AUDITORIA:
- O que o TSE/TRE testaram não era a urna que tinha dado defeito, nem o software original gravado, porque este, estava guardado num saquinho longe de qualquer fiscalização.
- Sinalizaram para a urna que ela estava sob teste.
- E apesar de tudo isso, de toda tentativa de blindagem, ficou provado que as milhares de denúncias, oficializadas ou não, eram procedentes.
Questões que não calam, e o TSE se recusa a responder:
- Por que, durante as eleições, o “teclado” só deu problemas no voto para presidente? Em ampla maioria contra Jair Bolsonaro e em alguns casos, Ciro Gomes e João Amoedo?
- O que farão sobre os votos perdidos ou fraudados? Nada. Eles morrem no limbo, na cidadania igualmente perdida, uma vez que só no Brasil, os eleitores são reféns de eleições exclusivamente virtuais.
RELATÓRIO TÉCNICO
Em 20/10/2019, ao comparecer na “auditoria” do TRE/SP, observei:
1)- A urna da SE 227 da ZE 404 testada em condições normais de uso (também chamado teste de votação paralela) foi substituída antes do teste e não é a mesma que deu defeito no dia da votação.
2)- O software testado nas duas urnas também não é o mesmo que estava gravado no momento da votação normal em 07/10/2019. A memória com o software original foi retirada antes do teste, e não foi feita cópia para ser avaliada ou testada perante o público presente.
3)- Na carga do novo software na nova urna, incluiu-se um sinalizador anormal (carga às 14h do dia da eleição) que torna o “teste em condição normal de uso”, e consequente ineficaz e inútil. Ou seja: A urna substituta foi carregada no dia 07/10 as 14h. Urnas carregadas no dia da eleição podem ser facilmente identificadas por um pretenso mecanismo de fraude e assim se desativar.
4)- O arquivo de LOG da urna, que pode conter alguma comprovação do encerramento da votação sem a confirmação do eleitor como denunciado, foi guardado ao invés de ser impresso e distribuído.
5)- Antes do encerramento da “auditoria” deve-se exigir a apresentação e análise dos arquivos de LOG, de RDV (Registro Digital dos Votos), e do BU (Boletim) das 4 urnas testadas, e deve-se esclarecer em ata que a impressão do arquivo RDV não comprova que cada voto foi gravado corretamente, uma vez que o teclado falhando, como constatado, inseria dados na votação que não foram digitados pelo eleitor.
E sem o eleitor digitar completamente seu voto, o que está gravado no RDV não tem como ser o voto-vontade do eleitor, isto é, foi comprovada falha do teclado compatível com as denúncias, que a urna modificava ou completava o voto. Provado que o conteúdo do arquivo RDV das urnas denunciadas não tem como estar íntegros com a vontade do eleitor.
A conclusão disso tudo é que o defeito encontrado no teclado da urna da SE 227 da ZE 404 durante a auditoria das urnas do 1° turno, que ocorreu em 20/10 no TRE-SP, confirmou todas as denúncias de que as urnas completavam ou desviavam votos dos eleitores antes deles digitarem o CONFIRMA.
Foram mais de 16 mil denúncias em todo o Brasil e essa auditoria no TRE-SP, mesmo tentando esconder evidências de fraude, comprovou que as denuncias foram procedentes e consistentes com o problema encontrado.
Não temos a menor dúvida de que o mesmo procedimento enganoso se repetiu nas outras “auditorias” realizadas, a exemplo do PR e MG, com o objetivo exclusivo de blindar o processo contra críticas.
Nota: como ministros do TSE/STF sem qualquer conhecimento técnico, ainda podem afirmar que as urnas eletrônicas são seguras e “auditáveis”? Já está fartamente provado, que as urnas brasileiras só são seguras para os tecnocratas do TSE, que as blindam contra provas, tentando mante-las à prova de prova. Mas o discurso teórico esgotou, os brasileiros estão conscientes, apesar da máquina de propaganda em contrário.